Tucanos catarinenses se reuniram no sábado para definir os rumos do partido de acordo com os audaciosos objetivos do PSDB de alcançar o governo do Estado e a presidência da República. Oficialmente, a convenção que ocorreu em São José definiu o novo diretório e a nova executiva estaduais do partido, mas o fato é que ela já começou a delimitar as estratégias para a eleição de 2018, e o nome de Napoleão Bernardes aparece com força entre elas.
O evento que marcou os 29 anos do partido em Santa Catarina
reuniu mais de 2 mil filiados — dos quais 578 podiam votar. O deputado federal
Marcos Vieira foi aclamado para seguir à frente da sigla até 2019, enquanto o
senador Paulo Bauer foi eleito o Presidente de Honra, também por aclamação. O
primeiro vice-presidente é o deputado federal Marco Tebaldi, que não compareceu
à convenção por motivos de saúde. Napoleão foi eleito o segundo
vice-presidente.
Apesar de considerado jovem na "progressão"
política, o prefeito blumenauense está prestes a completar 20 anos de atividade
partidária, o que o coloca em uma posição confortável no ninho dos tucanos
barrigas-verdes. Ao lado de Bauer, vê seu nome ganhar força para, inclusive,
liderar uma das campanhas nas quais o PSDB pretende investir, seja para
comandar Santa Catarina, seja para manter a representatividade no Senado.
— Nos movimentos de base, na juventude, já sou considerado
um veterano, e o meu papel é o de ser aglutinador, trabalhar pela construção, e
o partido pode contar comigo para atingir esse objetivo. Não tenho nenhuma
pretensão de concorrer, não é meu plano, embora esteja sendo muito estimulado a
essa reflexão e esteja disposto a contribuir nesse processo partidário,
independente de ser candidato _ considera Napoleão, ressaltando se sentir
honrado só de ser cogitado para estar na linha de frente das batalhas.
Planos desenhados
Mas para um nome apenas cogitado, ele revela pensamentos já
bem desenvolvidos dentro da sigla para traçar as estratégias futuras.
Destacando que "há muitos outros nomes", o blumenauense diz perceber
uma crença na dobradinha Napoleão-Bauer com alguns rumos possíveis _ o que só
deve ser definido nas convenções de candidatura, que ocorrem entre 20 de julho
e 5 de agosto de 2018 de acordo com o calendário eleitoral:
— Outros são
lembrados, mas os que mais convergem são esses dois nomes. Muitos acreditam que
se possa ter o Paulo Bauer governador, por já ter sido candidato, ser o nosso
líder no Senado, ter expressão nacional e estar bem pontuado nas pesquisas, e
entendem que a minha candidatura ao Senado é estratégica para o PSDB nacional,
porque temos o projeto de fazer presidente da República. Minha relação pessoal
com o governador (de São Paulo) Geraldo Alckmin é próxima, muito fraterna. Hoje
o PSDB tem dois senadores e nenhum dos dois nessa hipótese disputaria a
reeleição, então ficaria sem representante no Senado, e por isso a minha
disputa no sentido de manter um suporte catarinense ao presidente da República,
o que é bom para Santa Catarina e mais ainda para o Vale do Itajaí. Mas a
militância tem aquele desejo de "o Paulo é nosso líder, está bem no
Senado, podemos trocar". Enfim, o PSDB tem consenso de disputar pelo menos
duas das quatro vagas, então ficaria entre eu e o Paulo Bauer essa questão, mas
ele é o nome natural.
Participação nacional
Além das definições estaduais, no dia 9 de dezembro Napoleão
participa da convenção nacional do partido em Brasília como delegado , o que
lhe dá direito a voto. Além de reforçar a estratégia de consolidar o próprio
nome como liderança no Estado, vai compor uma das maiores delegações
proporcionais da sigla no país, o que vai dar influência para o grupo nas
decisões tomadas. Segundo o prefeito, o partido ainda quer aproveitar a reunião
para resolver as pendências internas — como a divisão protagonizada pelos
senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) — e unificar o pensamento em
prol do pleito de 2018 em torno da candidatura de Alckmin ao Planalto.